Abayomy Afrobeat Orquestra - Abayomy (2012)

Abayomy significa "encontro" em Iorubá. Mas isso você já sabe desde o primeiro release da banda. Esse aqui serve para acentuar que o encontro continua acontecendo e a Abayomy Afrobeat Orquestra segue bem, obrigado! E o fruto destes encontros positivos é o segundo álbum da banda, produzido por ninguém menos que o Pupilo. Quem conhece a rica diversidade musical dos integrantes da big band nascida no Rio de Janeiro, sabe que não faltou bons elementos à disposição do produtor.
Se no primeiro álbum sentíamos por parte da banda uma grande reverência ao afrobeat, o que nossos ouvidos encontram agora é uma apropriação do gênero. A Abayomy aparece aqui muito mais entrosada entre si e com suas devidas musicalidades. Ou seja, se encontraram. Se fossem atores numa peça, seriam aqueles que conhecem e lidam tão bem com o texto que podem se permitir "cacos". Ouça a faixa Omulu que você vai sacar esse papo aqui.
Elementos externos enriqueceram ainda mais o encontro para esse novo álbum. A cantora Céu curtiu tanto gravar uma participação que até convidou alguns músicos da Orquestra a realizarem alguns shows com ela. A faixa em que participa é uma daquelas levadas deliciosamente conduzidas no diálogo entre cordas e percussão, com os sopros navegando nessa maré. Sabe aquela hora do show que você pesca uma turma dançando de olhos fechados? Pois aposto que é nessa (a aposta pode ser paga com uma dose de jambu no Bar da Cachaça, parada obrigatória nas madrugadas da Lapa)! Tony Allen, baterista nigeriano que é lenda viva do afrobeat está presente na faixa Tony Relax, uma levada jazzística muito da gostosa. O Pupilo produtor dá a vez ao Pupilo baterista e, junto do parceiro de Nação Zumbi, Jorge Du Peixe, participam da faixa Vou Pra Onde Vou, um poderoso afrobeat daqueles impossíveis de ficar parado.
Pode-se dizer também um clichê: neste álbum há um encontro maior entre a música africana e a brasileira. Pera, pera, pera! Não para de ler por causa dessa obviedade não. A música feita no Brasil por questões históricas sempre teve muito da África. Mas é perceptível no álbum as influências colhidas no show que realizaram em homenagem ao Maestro Abigail Moura, que em 1942 fundou a Orquestra Afro-Brasileira que promovia o encontro de instrumentos da tradição ocidental, a exemplo do sax e da clarineta, e instrumentos afro-brasileiros, como o agogô e o berimbau.
O álbum foi gravado no Rio de Janeiro e todos os encontros para a sua realização foram ótimos! Vá você também de encontro ao som deste excelente segundo trabalho da Abayomy Afrobeat Orquestra!

01. Abayomy Afrobeat Orquestra - Eru (7:02)
02. Abayomy Afrobeat Orquestra - Malunguinho (7:38)
03. Abayomy Afrobeat Orquestra - Obatalá (6:52)
04. Abayomy Afrobeat Orquestra - Emi Yaba (5:57)
05. Abayomy Afrobeat Orquestra - Afrodisíaco (6:45)
06. Abayomy Afrobeat Orquestra - No Shit (9:10)